A bacia hidrográfica do rio Verde Grande, localizada entre os paralelos 14020' e 17014' de latitude Sul e meridianos 42030' e 44015' de longitude Oeste, drena uma área aproximada de 30.420 km2, sendo que desse total 87% pertencem ao Estado de Minas Gerais e o restante, 13%, ao Estado da Bahia. Estão inseridos nessa região trinta e cinco municípios, sendo vinte e sete municípios mineiros e oito baianos.

      A demografia da bacia do Verde Grande é fortemente influenciada pela presença, em sua área geográfica, da cidade de Montes Claros, principal pólo regional. Mais de 1/3 da população da bacia reside em Montes Claros. Esse indicador traz à tona um dos graves problemas sociais identificados na bacia: o êxodo rural, principalmente para o município de Montes Claros, em decorrência do agravamento da situação social, com a miserabilidade das famílias de pequenos produtores.

Atividades econômicas

      Em relação às atividades econômicas, dados demonstram que o número de estabelecimentos industriais, na porção mineira, responde por 2% do total existente no estado, enquanto que a mão de obra ocupada na região corresponde à cerca de 3% do total. Cerca de 18% das principais indústrias responsáveis pela arrecadação de ICMS, localizadas na porção mineira da bacia, trabalhavam com a transformação de minerais não metálicos. O setor industrial estabelecido principalmente no município de Montes Claros e alguns outros como Bocaiúva e Capitão Enéas foi implantado através de incentivos da extinta Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e da isenção de impostos.

      Porém, dentre as atividades econômicas desenvolvidas na Bacia do Rio Verde Grande, destaca-se a agropecuária, responsável pelo emprego de 50% da população economicamente ativa. No setor agropecuário, o estabelecimento e posterior desdobramento se deu em duas vertentes. Grandes projetos de irrigação foram estabelecidos, destinados inicialmente à produção de cereais e depois redirecionados à produção de frutas, especialmente a banana, voltados para uma agricultura mais empresarial. E outro destinado à inclusão da agricultura familiar no mercado, através da produção de matéria prima para a indústria (algodão, mamona) em detrimento da produção local e tradicional de subsistência diversificada.

      A ocupação do solo na bacia do Verde Grande acompanha a tendência de ocupação de todo o norte de Minas. As pastagens, dada a importância econômica da bovinocultura extensiva na região, ocupam 63% da área, sendo 19% com pastagem natural, ao passo que outros 44% são ocupados com pastagens formadas.

      Aliados a este quadro de ocupação do solo pela bovinocultura extensiva, têm-se ainda 19% de mata nativa (cerrado e caatinga) e 4% de mata plantada com pínus e eucalipto. Ou seja, a maior parte da Bacia está ocupada com pastagens, sendo na sua maioria, degradadas. Esta média assume características mais extremas conforme a região considerada na Bacia do Verde Grande, já que a atividade da bovinocultura exerce maior ou menor pressão sobre os recursos naturais.

      A bacia apresenta um alto grau de concentração de terra, pois ao analisar a área ocupada pelos diversos estratos, verifica-se que as propriedades no estrato de 0 a 100 ha ocupam apenas 22% da área total da Bacia, enquanto as propriedades no estrato de 101 a 1000 ha ocupam 78% da área total da Bacia do Rio Verde Grande.

      A pecuária constitui a principal atividade em termos de área, apresentando caráter extensivo. O total de pastagens é estimado em cerca de um milhão de ha, sendo aproximadamente 700.000 ha de pastagens formadas e por volta de 300.000 ha de pastagem natural.

      Na bacia do Verde Grande estão em operação, como relatado anteriormente, dois projetos públicos de irrigação, Estreito e Gorutuba. O primeiro localiza-se na porção baiana, sendo composto por quatro áreas, totalizando superfície de 10.631 ha. O Projeto Gorutuba, localizado na parte mineira da bacia, abrange área de 7.224 ha, porém em 2001 eram irrigados em torno de 4.500 ha. Na margem esquerda do rio Gorutuba iniciou-se, em 1996, a implantação pela CODEVASF do Projeto de Irrigação Lagoa Grande, com capacidade para irrigar cerca de 2.000 ha.

      Estima-se que a área total atualmente irrigada na bacia é superior a 22.000 ha, o que corresponde a cerca de 85% do consumo total de água pela bacia, segundo dados da SEAPA/ MG (2001). É válido mencionar que a capacidade total de áreas irrigáveis, considerando-se a disponibilidade hídrica da bacia, segundo dados de seu Plano Diretor, corresponde a 27.000 ha.

Clima, disponibilidade e qualidade hídrica da Bacia do Verde Grande: breve relato

      A bacia do Verde Grande possui grande variabilidade espacial da chuva. O total anual médio precipitado é da ordem de 785 mm, sendo que os mais altos índices se concentram nas cabeceiras da Bacia, atingindo valores anuais superiores a 1.300 mm. Esses índices vão diminuindo gradualmente em direção ao centro da Bacia e em parte de sua porção norte, próximo ao município de Pindaí, até atingir valores inferiores a 700 mm.

      A distribuição da chuva na Bacia ao longo do ano revela a existência nítida das estações seca e úmida. A análise da ocorrência de chuvas em anos diferentes mostra que em cerca de 20% dos anos, identificados como os mais secos, a chuva na Bacia é inferior a 70% da chuva anual média, enquanto que no outro extremo, 20% dos anos, identificados como os mais úmidos, a chuva é superior a 130% da chuva anual média. Este fato comprova a elevada variabilidade do regime de chuvas, o que se reflete no potencial hídrico dos mananciais da Bacia, superficiais e subterrâneos.